A
obra em prosa Rui: pequena história de
uma grande vida, de autoria de Cecília Meireles, foi produzida com o
intuito de comemorar o centenário do Rui Barbosa. A obra foi distribuída
gratuitamente em algumas escolas, para as crianças do ensino primário, e
publicada pela primeira vez no ano de 1949. O livro apresenta uma riqueza de
detalhes não apenas sobre a vida de Rui Barbosa, mas também sobre a história
cultural e política da Bahia e do Brasil, além da presença de fotografias da Bahia,
da casa de Rui e fotos do próprio personagem.
A prosa apresenta ações educativas
cultivadas principalmente pelo exemplo, conforme pode ser percebido em trechos como: “Assim, a casa ficará feliz: o pai, entre seus livros, estudando
sempre. A mãe, com seus escravos, fabricando doces. E, entre esses dois heróis,
as crianças irão crescendo cercadas de altos exemplos de bondade, resignação,
dignidade e coragem.” (p.22) A mãe de Rui é retratada como um exemplo de
mulher que vive em prol da harmonia e do bem-estar da família, ela é desprovida
de interesses próprios.
Uma
outra temática presente na obra é a honestidade, isso pode ser percebido quando
Rui consegue uma vaga no curso de direito, porém não vai exercer o curso por
não ter a idade adequada. Seu pai, então, decide abdicar da vaga como uma prova
de caráter:
Certamente,
a Academia, os estudos jurídicos seriam para o Pai, motivo de grande
satisfação. Rui, porém, não atingira ainda a idade regulamentar para matrícula.
Muitos, poderiam pensar em obter um atestado alterando a data de nascimento.
Mas o pai de Rui, não. Espírito severo, disse: “Não se pode começar a vida por
uma falsidade”. (p. 28)
Rui
Barbosa é caracterizado como um homem intelectual que desde sua infância se
dedicou incessantemente aos estudos, ele é retratado como uma pessoa digna, um
exemplo para a sociedade, um verdadeiro herói da nação brasileira. Rui teve como
forte influência o seu pai, que embora não tenha almejado grandes conquistas,
como por exemplo, o emprego dos seus sonhos, foi uma pessoa extremamente
estudiosa, a par de todos os acontecimentos, amava falar e estudar sobre
Direito e Política, tinha sonhos audaciosos para a melhoria do Brasil e se envolveu
várias vezes na política. O pai, grande referência para Rui, era considerado, acima
de tudo, um homem bom e honesto, tinha o sonho de cursar direito, mas foi
médico e orador, exercendo também o cargo de deputado. Durante a sua vida enfrentou
grandes problemas financeiros e viu o seu sonho de cursar direito se realizando
em seu filho, porém não viveu o suficiente para ver a grandes feituras que Rui
atingiu.
Rui
cursou direito, foi militante político, jornalista, deputado da Bahia, foi
embaixador do Brasil por missão especial por duas vezes, foi ministro da
fazenda, foi perseguido e exilado, por duas vezes, foi candidato à presidência
da República. Aos 5 anos aprendeu a ler e desde então tornou-se amigo dos
livros, incluindo a bíblia cristã. Ele Tinha José Bonifácio como um ídolo e
isso é citado várias vezes no decorrer do livro ceciliano. Estudou direito com
o ilustríssimo Castro Alves e foram grandes amigos, compartilhavam ideais como
a abolição da escravatura, por exemplo: “Castro Alves era o maior de todos, em
poesia; ele, o maior de todos na oratória.” (p.39). Rui se tornou um grandiosíssimo
orador e tal fato ganha destaque na obra de Cecília.
Em
síntese, o livro caracteriza-se pelo feitio moralizante, abdicação das vontades
individuais em detrimento do bem coletivo, patriotismo, heroísmo, exercício da
Cristandade e da exemplaridade, e fica bem evidente o incentivo aos estudos e à
disciplina para alcançar coisas grandiosas independente da condição financeira,
“ninguém sofra por ser pobre: o estudo e a disciplina elevam os homens mais do
que a riqueza o poderia fazer.” (p. 91). E para confirmar isso, está aí o
exemplo do próprio Rui Barbosa.
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